CLARA – a matine
dançante
O jovem
agrimensor
O cair
da tarde já se enunciava.
Clara
aguardava Evilásio
na porteira principal da fazenda kalimango.
Com a
aproximação do agrimensor a jovem foi logo falando com alegria e cordialidade.
A minha ansiedade
me leva a pedir uma decisão sua.
Como é
bom revê-la. Seu rosto tem me acompanhado pelas matas adentro.
Que
queres de mim?
Clara
não perdeu tempo. Diga-me qual é a sua posição?
É reta.
Tendente a me curvar ante a bagagem que levo nas costas e com meu corpo suado.
A moça
retomou num tom incisivo. Preciso saber se você me ama.
Todos
nós temos instintos, sentimentos e depois chegaremos ao amor.
Você
está fugindo do assunto.
Eu gosto
muito de você.
Agora
você se aproximou, mas continua distanciado.
A
palavra amor é muito complicada para se entender e para se pronunciar.
Você
continua pelo aceiro.
Então me
diga como é esse seu gostar.
O moço
sentiu a firmeza daquela jovem inteligente.
Você
gosta de mim com o coração ou com o cérebro?
Ele
respirou fundo e refletiu: as coisas estão se complicando. Onde anda o meu
raciocínio rápido?
Respirou
profundamente pelo nariz. Prendeu a respiração por alguns instantes. Soltou o
ar suavemente pela boca. Voltou a repetir os movimentos respiratórios. Fechou
os olhos calmamente.
Vou
explicar sem nenhuma interrupção sua mesmo que minhas palavras iniciais não
sejam entendidas.
Que
coisa boa. Não direi nada.
Muito
bem.
Eu gosto
de você com os pés. Foram eles que me conduziram pela estrada quente,
carregando o cérebro em conflito.
Arrastando
o coração agitado e arengando com cabeça que ainda não sabe como o que eu venho
querendo dizer.
O moço
parou mais uma vez e levou a destra até o lóbulo da orelha esquerda da moça.
Acariciou-o suavemente buscando contato com seu pequenino sinal de beleza.
O meu
coração te ama.
Ela que
estava petrificada sentiu uma ardência subir pelo estômago até o coração.
Ele
aconchegou-a abarcando os seus braços mantidos juntos a corpo delicado.
Permaneceram
estáticos como que estivessem varando os registros da eternidade.
Matilde
os observava de longe na soleira do vasto alpendre do casarão.
A moça
deu um beliscão no braço de moço e correu ao encontro da irmã Matilde como quem
queria comungar a explosão de felicidade que atingira.
Ela a
acolheu maternalmente.
Abriu os
braços fraternos para o moço e disse baixinho ao seu ouvido: cuide da nossa
criança e encontrais bons frutos no céu.
Transcorria
o mês de janeiro de 1861 na vida daquele moço de 20 anos e daquela jovem de 16
anos.
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