quarta-feira, 16 de maio de 2012


CLARA a matine dançante
 O jovem agrimensor     

O cair da tarde já se enunciava.
Clara aguardava Evilásio na porteira principal da fazenda kalimango.
Com a aproximação do agrimensor a jovem foi logo falando com alegria e cordialidade.
A minha ansiedade me leva a pedir uma decisão sua.
Como é bom revê-la. Seu rosto tem me acompanhado pelas matas adentro.
Que queres de mim?
Clara não perdeu tempo. Diga-me qual é a sua posição?
É reta. Tendente a me curvar ante a bagagem que levo nas costas e com meu corpo suado.
A moça retomou num tom incisivo. Preciso saber se você me ama.
Todos nós temos instintos, sentimentos e depois chegaremos ao amor.
Você está fugindo do assunto.
Eu gosto muito de você.
Agora você se aproximou, mas continua distanciado.
A palavra amor é muito complicada para se entender e para se pronunciar.
Você continua pelo aceiro.
Então me diga como é esse seu gostar.
O moço sentiu a firmeza daquela jovem inteligente.
Você gosta de mim com o coração ou com o cérebro?
Ele respirou fundo e refletiu: as coisas estão se complicando. Onde anda o meu raciocínio rápido?
Respirou profundamente pelo nariz. Prendeu a respiração por alguns instantes. Soltou o ar suavemente pela boca. Voltou a repetir os movimentos respiratórios. Fechou os olhos calmamente.
Vou explicar sem nenhuma interrupção sua mesmo que minhas palavras iniciais não sejam entendidas.
Que coisa boa. Não direi nada.
Muito bem.
Eu gosto de você com os pés. Foram eles que me conduziram pela estrada quente, carregando o cérebro em conflito.
Arrastando o coração agitado e arengando com cabeça que ainda não sabe como o que eu venho querendo dizer.
O moço parou mais uma vez e levou a destra até o lóbulo da orelha esquerda da moça. Acariciou-o suavemente buscando contato com seu pequenino sinal de beleza.
O meu coração  te ama.
Ela que estava petrificada sentiu uma ardência subir pelo estômago até o coração.
Ele aconchegou-a abarcando os seus braços mantidos juntos a corpo delicado.
Permaneceram estáticos como que estivessem varando os registros da eternidade.
Matilde os observava de longe na soleira do vasto alpendre do casarão.
A moça deu um beliscão no braço de moço e correu ao encontro da irmã Matilde como quem queria comungar a explosão de felicidade que atingira.
Ela a acolheu maternalmente.
Abriu os braços fraternos para o moço e disse baixinho ao seu ouvido: cuide da nossa criança e encontrais bons frutos no céu.
Transcorria o mês de janeiro de 1861 na vida daquele moço de 20 anos e daquela jovem de 16 anos.



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